Papel ou plástico, qual o melhor?

Ana Pires

Artigo de opinião de Ana Pires* para o Jornal de Leiria (jan 2024)

*Ana Pires é Doutorada em Engenharia do Ambiente e Coordenadora de I&D no CENTIMFE

"Depende do produto em questão e da sua função. Depende também das fontes de energia dos processos de fabrico."

Enquanto especialista em avaliação do ciclo de vida, muitas vezes me perguntam qual é o melhor: papel ou plástico. Perguntam-me, porque a avaliação do ciclo calcula os impactes ambientais dos produtos e, certamente, eu já teria feito ou lido alguma avaliação que tivesse a resposta à questão em causa.

A minha resposta é, como sempre, a mesma: depende. Depende do produto em questão e da sua função – pois para comparar é necessário que tenham exactamente a mesma função, assim como se é descartável ou reutilizável. Depende também das fontes de energia dos processos de fabrico (renováveis, não renováveis), a origem das matérias-primas (virgem, reciclada). E se o plástico for de origem biológica, será melhor? E no fim de vida, serão recicláveis? Perante tantas condicionantes, a minha resposta só pode ser depende.

O mais importante não é saber qual dos dois será melhor. É, sim, conceber o produto para que tenha o menor impacte ambiental possível – é garantir o seu ecodesign. Quando se tem em conta o ecodesign pode-se reduzir muito os impactes ambientais, energia e recursos consumidos.

Para que o mercado possa adoptar mais produtos com menor impacte ambiental e na saúde humana, a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu começaram a trabalhar no Regulamento para a Concepção Ecológica dos Produtos Sustentáveis, tendo já acordado provisoriamente sobre o texto do mesmo. O acordo prevê os seguintes requisitos de ecodesign:

• durabilidade, reutilização, actualização e reparabilidade dos produtos;
• presença de substâncias químicas que impossibilitem a reutilização e a reciclagem de materiais;
• eficiência energética e dos recursos;
• uso de materiais reciclados;
• pegada de carbono e ambiental do produto (baseada na avaliação do ciclo de vida).

Para garantir que a informação flui por toda a cadeia de valor, o ecodesign do produto estará disponível num passaporte digital do produto. O passaporte digital do produto é um registo electrónico da informação de sustentabilidade. Os consumidores e as empresas terão acesso à informação, através de um QR Code, podendo comparar os produtos que pretendem comprar.

Com o passaporte digital do produto, a informação estará mais acessível, ajudando todos os intervenientes a fazerem a sua parte para garantir a produção sustentável.

Enquanto o Regulamento não entra em vigor, todos podemos procurar produtos com menor impacte ambiental. O rótulo ecológico da União Europeia (EU Ecolabel), o Cradle to Cradle e a pegada do carbono The Carbon Trust são sistemas que verificam o ecodesign de produtos. A nível industrial existem as Declarações Ambientais do Produto, com informação ambiental com base na avaliação do ciclo de vida.


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